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Largar tudo nem sempre é solução

A história é muito parecida e eu a vi se repetir dezenas de vezes. Homens e mulheres com carreiras em grandes companhias, desistindo de tudo para se tornarem empreendedores de suas startups, ou consultores ou conselheiros.

Não necessariamente por convicção, mas porque, como costumo dizer, estavam cansados das caixas e burocracias do mundo corporativo.

A ideia de não continuar em um lugar que nos priva de evoluir profissionalmente ou de ser fiel às nossas próprias convicções faz todo o sentido.

Afinal, somente quando temos liberdade de agir com autenticidade é que somos melhores: ganhamos uma mente mais arejada para pensar em alternativas; estabelecemos relacionamentos produtivos que geram trabalho em equipe eficaz; passamos a ver o lado positivo mesmo nos problemas.

Além do mais, dizer não a algo que nos impede de sermos nós mesmos de maneira integral é uma ação de autocuidado. Então, não há dúvidas de que, entre essas dezenas de pessoas que conheci em transição de carreira, muitas estavam optando por sua própria liberdade. 

Mas essa é a saída para todos? Substituir a carreira corporativa por um projeto autônomo é o único remédio para as dores produzidas dentro das caixas das organizações?

O que posso dizer é que, se criamos uma geração de cansados do mundo corporativo, também é certo que, no meio de tantos empreendedores, consultores e conselheiros, há um grande número de talentos sem o menor tino para a nova vida que escolheram…e mesmo com a mudança, ainda não se sentem realmente felizes e realizados. 

São pessoas brilhantes, competentes e apaixonadas pelo que fazem, mas que estão sendo engolidas pelos problemas da nova carreira.

Isso porque, se elas não suportavam a política na empresa, irão descobrir que também existe política ao viver como empreendedor numa startup, como consultor ou como conselheiro. 

Aqueles que estavam acostumados a compartilhar decisões estratégicas, poderão se sentir acuados quando perceberem que, como empreendedores, terão que fazer o estratégico, o tático e o operacional.

Eles terão de inspirar os outros, e não mais contarão com líderes inspiradores acima deles, que os ensinem, orientem e dividam a responsabilidade por decisões. 

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