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Três dicas para quem quer ser um conselheiro

Toda transição de carreira é um momento crítico e merece muitas reflexões antes, durante e depois do processo concluído. Muita gente me pergunta sobre como fiz a minha transição de uma carreira de executiva para a de conselheira empresarial. Gente cada vez mais jovem me pede orientação. Se antes a imagem de um conselheiro era de uma pessoa de 65 anos, hoje já vemos figuras na casa dos 50 (ou menos) atuando em conselhos.

Independentemente da idade, porém, quando alguém me procura para conhecer minha experiência, a minha primeira reação é convidá-lo para uma reflexão sobre o entendimento de como é o dia a dia de um conselheiro, além do fato de que este tem um mandato que pode não se renovar porque mudou o desafio a ser enfrentado pelo negócio. Temos a ideia de que quando fazemos a transição de uma carreira para outra estamos evoluindo e, via de regra, melhorando a remuneração. Mas isto pode ser frustrado quando passamos de executivo a conselheiro.

O ideal é que, para aceitar o convite, a pessoa tenha sua vida financeira resolvida, não apenas pela potencial perda de renda, mas, principalmente, para garantir a independência de opinião necessária ao desempenho do conselheiro.

Dito isso, posso listar três reflexões ou dicas para quem foi sondado ou tem interesse em integrar um conselho, seja ele consultivo ou administrativo.

1 – Expanda seu networking

No Brasil, 70% das buscas de conselheiros são feitas por indicação. Se é assim, quem quer se tornar um conselheiro precisa estar em um lugar em que alguém possa conhecê-lo, até para indicá-lo. Fazer um curso no IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) ou em outras Escolas com cursos sobre Governança Corporativa pode ser um passo interessante.

Isso vai colocar a pessoa em um universo de conhecimento diferente do que ela tinha até então, e passará a estar com outras pessoas que já são conselheiras ou estão se preparando para isso. No IBGC existem várias comissões em que seus associados podem se inscrever, aumentando o networking de pessoas que trabalham com conselhos direta ou indiretamente.

2- Trabalhe novas habilidades

Um executivo é treinado para responder rápido, ter solução pra tudo e o plano de ação pronto. Já no conselho as habilidades solicitadas passam, principalmente, por pensamento estratégico, escuta ativa, fazer boas perguntas e provocações positivas para inspirar a gestão. São habilidades que ajudam na construção de um consenso.

É uma postura por vezes diferente da de um executivo. E se você tem um perfil mais executor, é hora de buscar um novo comportamento. A leitura de cenários do próprio colegiado é fundamental. Existe um tempo investido dentro e outro fora da reunião para promover o alinhamento. Quando termina uma reunião do conselho, muitas vezes, é quando começa a verdadeira interação.

3- Revise a narrativa da sua história profissional

Todo ser humano tem a tendência de contar a sua própria história numa sequência temporal. Mas isso nem sempre funciona quando buscamos uma vaga ou já atuamos em um conselho. O tempo de conversa para transmitir claramente sua contribuição é curto.

Você deve detectar três pontos em que pode ajudar aquele conselho, à luz da missão a ser cumprida ou do desafio a ser superado. E, a partir disso, escolher dentro da sua experiência profissional duas ou três narrativas de situações e o que você fez que poderia ser útil para aquele conselho. Minha dica é partir da necessidade do outro para escolher a parte da sua história que será contada.

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