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A quem interessa a desigualdade social?

Ultimamente tenho refletido muito sobre a desigualdade social e seus impactos na nossa sociedade.

É um tema que mexe profundamente comigo – e, claro, com boa parte dos brasileiros. Afinal, embora sejamos a 12ª economia do planeta, somos vergonhosamente o 9º país mais desigual do mundo.

Daí vem o questionamento: por que uma nação tão rica, abundante de recursos e gente capacitada pode ter milhões de pessoas na mais absoluta miséria?

Essa pergunta deixa a mente transtornada e o coração apertado, ainda mais sabendo que 1% da população concentra 50% das riquezas do Brasil. Mas ficar triste ou remoendo pensamentos não resolve nada. É preciso pesquisar, debater, ouvir e agir em busca de soluções.

Antes de mais nada, temos que nos conscientizar que a desigualdade social é um problema de todos.

Sim, de todos!

E se houver gente que não quer se convencer pelo aspecto social, que seja pelo aspecto econômico.

Recentemente, li um estudo muito interessante, desenvolvido nos Estados Unidos, chamado “The economic gains from equity” que comprova o quanto a igualdade é lucrativa.

Na pesquisa, as autoras consideraram uma série de indicadores envolvendo trabalhadores entre 25 e 64 anos, e calcularam como a desigualdade afetou o crescimento da economia em todo o país nos últimos 30 anos.

A conclusão estarrecedora é que a desigualdade no emprego, educação e renda custou à economia norte-americana US$ 22,9 trilhões (isso mesmo, trilhões) desde 1990 nos Estados Unidos.

No relatório final as autoras escreveram: “A oportunidade de participar da economia e ser bem-sucedido com base em habilidades e esforços está na base da nossa nação e da nossa economia. Infelizmente, barreiras estruturais têm, persistentemente, interrompido essa narrativa para muitos americanos, deixando o talento de milhões de pessoas subutilizado ou à margem. O resultado é menos prosperidade não só para os afetados, mas para todos”.

É certo que as realidades de Brasil e Estados Unidos são muito diferentes, mas, ainda assim, vale a comparação. Na verdade, podemos inferir que a situação no Brasil é muito mais grave.

Estamos historicamente em um círculo vicioso, em que a desigualdade alimenta o subdesenvolvimento e esse resultado torna a desigualdade ainda mais severa e cruel.

Eu tenho escutado lindas histórias de superação no meu programa “Liderança em Pauta” (que estão disponíveis no meu canal no YouTube ou no Spotify). E até hoje só ouvi casos de pessoas que deram certo pois tiveram uma base mínima de educação e apoio da família e da sociedade. E sabemos que, infelizmente, uma boa parte da população brasileira não conta com esse “privilégio”.

Eu fico triste quando vejo pessoas que não ousam em um passo maior por conta das tantas portas fechadas na cara, ou por tantos nãos recebidos. A rejeição impacta de uma maneira silenciosa e profunda, tirando a confiança e a esperança.

Eu fico mexida quando vejo pessoas que parecem se conformar com pouco ou que não se arriscam em uma oportunidade mais desafiadora que utilize todo seu talento. Falta ambição a estas pessoas? Até pode ser, em alguns casos.

Mas minha avaliação é que estes aparentes “conformados” nem se percebem assim, pois nem conhecem o que poderiam ter querido a mais – e não só de grana ou posição, mas também de conhecimento e habilidades. A verdade é que a ambição de muitos é a própria sobrevivência e de sua família.

Como disse no início, tenho pensado muito na desigualdade social e possíveis soluções, para termos uma sociedade em que as pessoas possam passar pela Terra utilizando mais (bem mais) da sua potencialidade. Queria ver mais potência se transformar em potencial e então em mais realizações (feitas e sentidas)!

Seria isso um sonho ou fantasia da minha parte?

Bom, se ficarmos só no campo teórico, será mesmo.

Mas eu acredito, do fundo da minha alma, que é uma meta possível.

E você, o que acha?

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