E não tem nada a ver com uma opinião política ou polêmica. A recusa se deu por causa da minha atuação frequente na rede.

Depois de um longo processo seletivo para ocupar uma cadeira nesse conselho, recebi a recusa junto com um feedback do headhunter: um dos acionistas visitou meu perfil e se sentiu desconfortável com a minha atuação assídua nas redes.

Ele ficou temeroso por entender que isso não combinava com a característica low profile da empresa.

Então, perdi a oportunidade.

Quando recebi esse feedback fiquei chateada, é claro, mas, principalmente, reflexiva. 

Algumas coisas passaram pela minha cabeça, como: compartilhar meu conhecimento de forma aberta é um problema? Eu deveria incorporar a imagem de uma conselheira discreta e concentrada? 

Felizmente esses pensamentos duraram pouco e logo me lembrei que compartilhar meu conhecimento é um propósito, que isso faz parte de quem sou e me traz satisfação e felicidade.

Pena que meu propósito não deu match com aquele acionista.

Fiquei refletindo sobre essa “busca do match” e como ela pode ser facilmente confundida com uma outra ideia que é a “escolha de semelhantes”. 

Estar alinhado à cultura da empresa é essencial, mas e quando isso caminha para uma outra direção que é a uniformidade de perfis?

Esse é um viés crítico para quem seleciona porque escolher os “iguais” impede a diversidade, que é benéfica para a inovação na organização.

Quando pensamos no espaço de um conselho, isso é ainda mais importante: ter pessoas diversas é essencial para garantir os diferentes olhares e direcionamentos.

Por fim, depois de muito refletir, fiquei em paz ao entender que processos seletivos são assim mesmo, alguns dão certo, outros não.

Também fiquei feliz em saber que a empresa selecionou para o cargo uma outra mulher, muito competente e que fará um ótimo trabalho.

E, embora tenha perdido essa cadeira, acabei ganhando a oportunidade de permanecer sendo o que sou. Esse é, enfim, o match mais importante de todos.