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Vivemos a era das respostas rápidas e precisas. Como consumidores não queremos muito enrolação e indagamos logo: “quando vocês vão resolver o problema?”. Como gestores de uma empresa cobramos dos funcionários: qual a solução? Os acionistas, por sua vez, querem uma resposta bem ligeira e certeira para a pergunta: qual o resultado e o retorno?

É natural que seja assim porque também vivemos a era dos dados e cada resultado pode ser detalhadamente mensurado, apontando melhores caminhos. Acostumados a aplicar essa lógica aos negócios, levamos a ideia das respostas rápidas e precisas para a nossa própria vida. Achamos que podemos controlar tudo a partir de um bom planejamento, mas nos frustramos porque, afinal, a vida real não cabe em um gráfico…

Por mais que a gente trace metas e siga as evidências, há sempre algum movimento do “cosmos” ou do “universo” que não podemos controlar. E essa é uma dimensão da nossa vida que é pouco abordada no mundo corporativo: a dimensão espiritual. Não falamos sobre isso no ambiente de negócios porque estamos aqui pra “falar de trabalho”, de geração de valor, de resultados, de fazer a diferença a partir da nossa performance.

Mas, fato é que o espiritual faz parte de nós, independente se acreditamos em Deus, no profeta ou nos orixás. Essa dimensão é, inclusive, uma das 5 áreas mapeadas pelos estudiosos da psicologia positiva como essenciais para o nosso bem-estar integral. Elas compõem o modelo SPIRE, palavra formada pela primeira letra (em inglês) de cada uma dessas áreas: espiritual; físico; intelectual; relacional e emocional.

Há alguns dias fiquei pensando sobre a ordem das letras que formam a palavra SPIRE e como é curioso que justamente o “S” de spiritual (espiritual) seja a primeira dimensão a aparecer. Num mundo em que somos constantemente convidados a ir para a lógica, a reagir de forma realista e pragmática, é simbólico que o espiritual venha na frente entre as áreas essenciais mapeadas em um modelo de felicidade integral. 

Me parece um recado do universo para olharmos com mais flexibilidade para a nossa própria vida. Planejar e seguir metas é importante, mas às vezes trabalhar o espiritual nos ajuda a perceber que as coisas têm o tempo certo para acontecer e que nem sempre somos protagonistas em tudo o que vivemos. Ativar a dimensão espiritual nos lembra que há algo maior que conduz a nossa sabedoria, as nossas relações e as nossas emoções.

Trazer o espiritual para a mesa pode nos ajudar tanto na vida pessoal, como na atuação profissional. Isso porque essa dimensão tira a ilusão de que controlamos tudo e nos deixa mais preparados para cenários adversos. Também ressignifica a nossa relação com o trabalho e com as pessoas da nossa equipe, pois ficamos menos arrogantes quando entendemos  que somos parte de algo muito maior.

As respostas rápidas e precisas continuam sendo importantes em um mundo digital e competitivo como o nosso. Mas, se em algum momento elas não aparecerem, ou até apontarem para caminhos muito diferentes do que esperávamos, que consigamos seguir em frente, escutando a nossa sabedoria interior, construída a partir de forças que não entram nas equações do nosso Excel. 

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